Escola, família e afeto





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Família e escola constroem no indivíduo os universos da sua auto-estima, confiança, emoções, sentimentos e atributos que personificam suas estruturas pessoais e seus vínculos afetivos. Escola e família não podem estar dissociadas uma da outra, pois são ligadas pelos veios afetivos do educando. Portanto, os processos de aprendizagem não se bastam sem a colaboração de ambas as partes. Não se explicam sem uma compreensão que abarque o sujeito e os seus núcleos de convivência, nos quais, ele conquista sua identidade.

A escola e a família garantem a unidade dos seus conjuntos, ao mesmo tempo em que promovem a descoberta da individualidade. A criança perceber-se, ao mesmo tempo, como um ser único e participante de um grupo. Este é o desenvolvimento natural que não deve ser cerceado.

A alfabetização emocional inicia-se na família e, posteriormente, amplia-se nas relações na escola. Nesses espaços, o indivíduo começa a lidar com as emoções que lhe acompanharão por sua vida: o amor, o desejo, as incertezas, as inseguranças, as ansiedades e tantas outras que precisarão ser apercebidas e lapidadas durante a formação da sua personalidade.

Eventualmente, a escola cumpre o papel de resgatar junto ao seu aluno alguns valores da sua formação. Lares desestruturados não costumam ser bons ambientes para seus filhos. Normalmente, quando chegam à escola demonstram carência afetiva e alguns problemas emocionais. Podem não possuir a noção do trabalho em grupo, nem os termos dos direitos e deveres. Apresentam dificuldades de concentração, sentem-se rejeitados.

A soma desses fatores tem como resultado as dificuldades de aprendizagem. É também papel da escola possibilitar ao educando o reencontro dos valores que ocasionalmente ficaram suprimidos no seu ambiente familiar. Daniel Goleman  afirma que, sobretudo nos jovens, os problemas de relacionamento são um gatilho para a depressão. Dados internacionais mostram uma espécie de epidemia moderna de depressão, que se espalha com a assimilação de modos contemporâneos. Para Goleman, cada nova geração tem vivido, mas que a anterior, sob a tendência de sofrer uma depressão grave. Não mera tristeza, mas uma paralisante apatia, desânimo e autopiedade, começando em idades cada vez menores. A depressão na infância surge como um dado do panorama atual.

Os problemas que levam a esse quadro provêem tanto das relações com os pais quanto com os colegas. Parecendo incapazes de definir seus sentimentos com precisão, recusam-se ou não conseguem falar das suas tristezas.

Exames da causa da depressão nos jovens identificam déficits em duas áreas de competência emocional: dificuldades nos relacionamentos e uma maneira de interpretar reveses. Embora, parte da tendência à depressão quase sempre se deva a predisposições genéticas, outra parte parece dever-se a hábitos de pensamentos pessimistas, que predispõem os jovens a reagirem às pequenas derrotas da vida – nota ruim, problemas com os pais -, ficando deprimidos. Tornam-se instáveis, irritadiços ou abatidos, muitas vezes impacientes e, comumente, excluídos.

Nesse quadros, o desejo seria excelente motor, pois nada incluiria mais o aluno do que a ação desejante de aprender. O estímulo para a aquisição de conhecimentos, que o torna integrado a uma sociedade, a responsabilidade com que cumpre as suas tarefas, a fidelidade com que encara seus deveres e percebe amplamente seus direitos, as suas relações em sala de aula são habilidades sociais adquiridas no espaço escolar. Observa-se que são indiscutivelmente valores e, por esta razão, agregam-se ao educando, principalmente, por meio do amor. Ao mesmo tempo em que o aprender dá pertencimento social, dá também qualidade individual.

Por outro lado, Maria Montessori observa que a família, antes de fazer parte da escola, faz parte da sociedade. Daí, o cuidado com a personalidade humana cindir-se, mesmo em lares estruturados. De um lado, a família, parte da sociedade, do outro, a escola, também parte da sociedade, no meio, concepções dissimilares na formação do indivíduo para a sociedade. Não existe uma concepção única no entorno das questões educativas. No mundo globalizado, onde as coisas aglutinam-se em focos comuns, a educação torna-se um eixo desatento aos presságios do tempo.

Para superar essa dicotomia, a escola deve evocar a vida como centro das idéias pedagógicas. Mas o que é evocar a vida como centro das idéias pedagógicas? Longe de sermos pretensiosos, mas observando o que pretendemos expressar neste texto e, sem medo de errar, atentando para as palavras de Edgar Morin, podemos asserir que é educar abrangendo toda a complexidade humana: física, biológica, psíquica, cultural e histórica. “Estas são as leis da vida; não podereis ignorá-las e deveis agir em conformidade com elas; porque indicam o direito do homem que são extensivos à humanidade inteira”, diz Montessori.

À escola, já não cabe apenas o papel da transmissão teórica do currículo formal, nem o de ser um produto da demanda de mercado, pois a escola, assim como a família, envolve a infância, a juventude e, em muitos casos, a fase adulta do indivíduo. Portanto, sua responsabilidade social amplia-se a termos que supera os preceitos acadêmicos e inserem-se nas dimensões afetivas do ser.

A família considera a educação destinação obrigatória dos seus filhos. Significa que, de modo prático, ela deve ser irremediavelmente aplicada. Busca-se, então, uma autoridade para a execução dos preceitos e deveres. Mas quem possui a maior autoridade? A escola, a família, ou a sociedade? Cremos que a maior autoridade será constituída pelo amor. Com efeito, uma educação com amor torna filhos ou alunos livres para obedecerem afetivamente a uma ordem, pois a obediência ao desejo interior de bondade é o maior guia para a liberdade.
O afeto é movimento na educação. É a energia que demanda a ação, a ação que atende ao desejo. É também, o poder de desenvolver no educando o espírito de disciplina, o gosto pela regularidade, a ordem e o amor, na escola ou na família.

 





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